Negócios com investimento de até R$ 50 mil atraem empreendedores da classe média. Versões de negócios com baixo investimento são tendência para franqueadoras
Por Luisa Medeiros | luisa@mundodomarketing.com.br


A flexibilidade de relacionamento com a franqueadora é um fator decisivo para a escolha do franqueado, que comumente divide suas atenções entre a sua unidade e outras atividades profissionais. “A maior parte dos franqueados da Mr. Kids usam o negócio como uma fonte de renda secundária. Com o tempo alguns acabam saindo do emprego para se dedicar a franquia, aumentando o número de máquinas, pontos e expandindo sua operação. Outro aspecto que ressalta essa liberdade é que 38% dos nossos franqueados são mulheres, fato que se deve a flexibilidade na supervisão das máquinas, deixando tempo livre para a família”, comenta Antônio Chiarizzi, Diretor da Mr. Kids, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O engenheiro mecânico Marcelo Fernando Blecha atuava em sua área de formação quando começou a pesquisar sobre franquias e atualmente se dedica exclusivamente ao negócio, lucrando cerca de R$ 7 mil por mês sobre um investimento inicial de pouco mais de R$ 14 mil. “Trabalhava em uma empresa alemã quando comecei a pesquisar sobre franquias. Levei em conta o custo, o tipo de produto e a facilidade em lidar com a operação. Optei pelas vending machines porque cuido, até hoje, de todo o processo sozinho: busco máquinas, supervisiono, reabasteço, procuro pontos novos. E na época me dividia entre o negócio e a minha função de engenheiro. Atualmente minha renda principal é a franquia. Meu investimento inicial foi pequeno, comecei com cinco máquinas, hoje já tenho mais de 50”, conta o franqueado da Mr.Kids.
De autônomo a franqueado
Com o surgimento de microfranquias especializadas em serviços como limpeza doméstica, manutenção residencial e delivery de beleza, muitos autônomos migram e se tornam franqueados. O Brasil conta atualmente com mais de 1,5 milhão de profissionais que trabalham por conta própria registrados no MEI (Micro Empreendedor Individual), de acordo com informações do Portal Brasil. Este universo compreende desde donos de micro empresas até manicures, eletricistas, marceneiros, técnicos de informática, que passam a ver nas franquias a possibilidade de expandir o alcance de suas operações.
Algumas empresas como Dr. Resolve, Disk Manicure e Light Depil priorizam em seus modelos menores os franqueados especialistas no ramo e que atuem como operadores. Os profissionais ligados a uma empresa experiente no mercado passam a usufruir da credibilidade da marca. “Fazendo parte da franquia, a pessoa tem muito mais condições de divulgar seu serviço e crescer. Como autônomo, o trabalho ficaria restrito à mão de obra própria, mas como franqueado o caminho natural é contratar outros profissionais. O principal diferencial é estar em um grupo. Além disso, as ações de Marketing e publicidade podem ser mais efetivas, uma vez que os custos são divididos entre todos. Sozinho, o autônomo dificilmente poderia fazer tais investimentos”, analisa Edson Ramuth, da ABF.
A facilidade de ingressar neste modelo de negócios, contudo, pode esconder armadilhas, principalmente para profissionais que estão migrando da autonomia e iniciando sua primeira atividade empresarial. A procedência da empresa e seus antecedentes são alguns pontos de atenção para o sucesso do investimento. Na internet existem várias empresas oferecendo franquias milagrosas que prometem, entre outras coisas, retorno imediato e enriquecimento a curto prazo. “O Brasil tem leis de franquias que todos devem respeitar, inclusive as microfranquias. O primeiro passo para ter certeza é verificar se a empresa está filiada à ABF. Como nenhum negócio vai à frente sem a proatividade do empresário, outro ponto importante é ter afinidade com a área em que vai trabalhar. Se não há identificação com o ramo, a chance de dar errado é muito grande”, diz Edson Ramuth.
Tendência para as grandes marcas
Enquanto algumas empresas são criadas para operação exclusiva no modelo de microfranquias, outras marcas de médio e grande porte percebem o formato como uma possibilidade de expansão e lançam versões simplificadas das suas franquias. Com projeção de crescimento de 25% por ano até 2018, as microfranquias despertam a atenção pela possibilidade de exploração de novos nichos. A aposta é mudar o foco dos poucos e grandes empresários com altos investimentos para pequenos empreendedores e difundir serviços e produtos específicos que demandam estruturas mais enxutas. “A tendência é que as franqueadoras criem estas ramificações pela necessidade de fazer modelos mais simples para atender à demanda”, diz o Diretor de Microfranquias da ABF.
A AcquaZero Car Wash, franquia de lavagem automotiva ecológica, diversificou o seu modelo de negócios para atender a diferentes localidades e perfis de franqueados. A marca tem a sua versão para shoppings centers com investimento incial podendo ultrapassar os R$ 200 mil, mas, em paralelo, disponibiliza duas opções de microfranquia: o licenciamento, que incluindo taxas de franquia e kit de produtos sai por R$ 8.480,00, e Delivery com trailer, cujo investimento é de R$ 25 mil, dando direito ao reboque personalizado da marca. “O mesmo negócio pode se encaixar em diferentes formatos e atender a diferentes necessidades. Além disso, é muito mais fácil encontrar 100 pessoas dispostas a investirem R$ 50 mil do que a investir R$ 500 mil. Uma unidade maior e mais cara traz mais visibilidade, mas a ideia dos pontos menores é popularizar a franquia, dando possibilidade a quem tem menor poder aquisitivo de também se posicionar no mercado”, comenta Marcos Mendes, Diretor da Acqua Zero, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Fonte: Mundo do Marketing
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